tudosobreocerrado

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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Gambá um animal do cerrado


Gambá (de guámbá, o ventre aberto, a barriga oca por causa da bolsa onde cria os filhos é o nome popular de um mamífero marsupial típico das Américas. É um dos maiores marsupiais da família dos didelfídeos, pertencentes ao gênero Didelphis, que habitam do sul do Canadá à Argentina e são onívoros. Na natureza têm como principal predador o gato-do-mato (Leopardus spp.), enquanto nas cidades são freqüentemente atropelados por terem a visão ofuscada pelos faróis e por terem pouca mobilidade – exceto nas árvores. São ainda confundidos por vezes com o cangambá (Mephitis mephitis), que embora se assemelhe, não é um marsupial, mas sim um mustelídeo.

Características
Os gambás são animais com 40 a 50 centímetros de comprimento, sem contar com a cauda que chega a medir 40 cm, com um corpo parecido com o rato, incluindo a cabeça alongada, mas com uma dentição poliprotodonte (fórmula dental: 5/4, 1/1, 3/3, 4/4 = 50). A cauda tem pêlos apenas na região proximal, é escamosa na extremidade e é preênsil, ou seja, tem a capacidade de enrolar-se a um suporte, como um ramo de árvore. As patas são curtas e têm 5 dedos em cada mão, com garras; o hálux (primeiro dedo das patas traseiras) é parcialmente oponível e, em vez de garra, possui uma unha,têm marsúpio e,ao contrario da maioria dos marsupiais,sua cauda é menor que seu corpo

Reprodução
Os gambás podem reproduzir-se três vezes durante o ano, dando 10 a 20 filhotes em cada gestação, que dura 12 a 14 dias. Como nos restantes marsupiais, ao invés de nascerem filhotes, nascem embriões com cerca de um centímetro de comprimento, que se dirigem para o marsúpio, onde ocorre uma soldadura temporária da boca do embrião com a extremidade do mamilo. Os filhotes permanecem no marsúpio até 4 meses e, quando crescem mas não são ainda capazes de viver sozinhos, são transportados pela mãe em seu dorso. Em cativeiro, o período de vida é de 2 a 4 anos.
Comportamento
Os gambás não vivem em grupos, mas na época da reprodução eles formam casais e constroem ninhos com folhas e galhos secos em buracos de árvores.

Seus hábitos são noturnos, por isso, quando começa escurecer, o gambá sai de seu abrigo para caçar e coletar alimentos. Sendo um animal onívoro, se alimenta praticamente de tudo, como: raízes, frutas, vermes, insetos, moluscos, crustáceos (caranguejos encontrados em zonas de manguezais), anfíbios, serpentes, lagartos e aves (ovos, filhotes e adultos).

Embora possuam uma grande diversidade de presas, os gambás são animais de movimentos lentos e de pouca agilidade, exceto para trepar em árvores, utilizando a cauda preênsil.


Distribuição geográfica
Os gambás podem ser encontrados em várias regiões das Américas, desde o Canadá até a Argentina. No território brasileiro há pelo menos quatro espécies:

Didelphis aurita - Gambá-de-orelha-preta: em todo o Estado de São Paulo, principalmente nas regiões de Mata Atlântica deste e dos estados próximos; ocorre também no norte do Rio Grande do Sul e Amazônia;
Didelphis albiventris - Gambá-de-orelha-branca: Brasil Central, especialmente no Estado de São Paulo e no Rio Grande do Sul; também endêmico no Nordeste, especialmente Pernambuco, onde é denominado timbu;
Didelphis marsupialis – Gambá-comum: Desde o Canadá ao norte da Argentina e Paraguai; no Brasil, principalmente na região amazônica
Didelphis paraguaiensis - Rio Grande do Sul e Mato Grosso, podendo também ser encontrado no Paraguai.
Didelphis virginiana - Gambá-da-Virgínia: desde o Canadá ao norte da Argentina.
Variedade de nomes
O gambá também chamado mucura (Amazônia e Brasil meridional), sarigué, sariguê, saruê ou sarigueia (Bahia), timbú ou cassaco (Pernambuco ao Ceará), micurê (Paraguai e Mato Grosso) ou opossum (Estados Unidos da América).

O nome gambá tem origem na língua tupi-guarani, onde "gã'bá" ou "guaambá" significa uma mama oca, uma referência ao marsúpio, a bolsa ventral onde se encontram as mamas e onde os filhotes vivem durante parte de seu desenvolvimento.

Espécies
Didelphis albiventris Lund, 1840 - Gambá-de-orelha-branca
Didelphis aurita Wied-Neuwied, 1826 - Gambá-de-orelha-preta
Didelphis imperfecta Mondolfi e Pérez-Hernández, 1984
Didelphis marsupialis Linnaeus, 1758 - Gambá-comum
Didelphis pernigra J.A. Allen, 1900
Didelphis virginiana Kerr, 1792 - Gambá-da-virgínia
†Didelphis solimoensis
Curiosidades
O gambá é o ator principal de muitos fatos e ditos populares da cultura brasileira. Um dos aspectos mais marcantes é o líquido fétido produzido pelas glândulas axilares, utilizado pelo animal como defesa. Na fase do cio, a fêmea costuma exalar este odor para atrair os machos. Outra estratégia para escapar dos perigos é o comportamento de fingir-se de morto até que o atacante desista. O gambá tem especial predileção por sangue, por isso é conhecido como sanguinário.

A espécie D. marsupialis foi o primeiro marsupial a ser conhecido pelos europeus. Segundo a História da América, Vicente Yáñez Pinzón foi quem, em 1500, levou este animal para a Europa, o que causou estranheza, uma vez que os marsupiais na Europa tinham sido extintos no período terciário, há mais de 60 milhões de anos.

Alguns gambás são imunes ao veneno de serpentes, incluindo as jararacas (Bothrops sp.), cascavéis (Crotalus spp.) e corais (Micrurus spp.), podendo atacá-las pela cabeça e ingeri-las pela mesma. Segundo um estudo científico, a dose letal em um experimento com gambás foi de 660 mg de veneno, o que corresponde a uma dose 4.000 vezes superior a suportada por bovinos de 400 kg.

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